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*Graduada em Nutrição, Araçatuba 2007. Especialista em Nutrição Funcional (VP São Paulo, 2010), Nutrição Ortomolecular (FAPES, São Paulo 2012) e Fitoterapia Funcional (VP Campinas, 2014). Participação ativa em Congressos e Cursos da área Funcional. *Atendimento em consultório desde 2008. Clínica Portinari - 18 3305-5838

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

SAÚDE INTESTINAL

* Texto elaborado por Dra. Ana Beatriz Baptistella Leme da Fonseca, nutricionista da VP Consultoria Nutricional.

O trato gastrintestinal representa uma das maiores interfaces entre o ambiente endógeno e o mundo externo: da boca até o ânus forma um tubo de nove metros de comprimento, considerado a segunda maior área de superfície do corpo, com tamanho entre 250 e 400m2 1.

Já está bem documentada a importância da microbiota intestinal, que representa um ecossistema de alta complexidade, composto por mais de 50 gêneros de bactérias, com 500 espécies diferentes1. Estima-se que o trato gastrintestinal seja habitado por 1014 microrganismos viáveis, número que representa mais de 10 vezes o de células eucarióticas encontradas no corpo humano.

Dentre as funções básicas da microbiota intestinal temos: estimulação do sistema imune; síntese de vitaminas (complexo B e K); aumento da motilidade gastrintestinal; digestão e absorção de nutrientes; inibição de patógenos por meio da resistência à colonização; metabolismo de compostos e drogas; produção de ácidos graxos de cadeia curta e poliaminas; hidrólise de ésteres de colesterol, de hormônios e sais biliares1,2.

A disbiose intestinal pode ser definida como um desequilíbrio na colonização bacteriana intestinal, com aumento do número de bactérias nocivas que podem promover situações de toxemia intestinal. Numerosos estudos nos últimos anos têm demonstrado a correlação patológica do ambiente intestinal, não apenas com doenças do trato gastrintestinal, mas também com doenças como aterosclerose, hipertensão, artrite reumatoide, espondilite anquilosante, urolitíases, pielonefrite, cálculos biliares e hepatite1,3. Nesse sentido, a manutenção da homeostase da microbiota intestinal é tão importante como o funcionamento de qualquer outro órgão vital!

Para manter a homeostase responsável pelo mecanismo de tolerância da mucosa intestinal por meio das bactérias comensais, as células epiteliais intestinais, em contato com o lúmen intestinal, têm um importante papel regulador, já que formam uma barreira física que impede a absorção de substâncias xenobióticas2,4.

Dentre os principais fatores associados com a etiologia da disbiose intestinal, destacam-se2:
- uso indiscriminado de antibióticos e anti-inflamatórios;
- uso abusivo de laxantes;
- consumo excessivo de alimentos industrializados associado à redução na ingestão de alimentos naturais;
- excessiva exposição a toxinas ambientais;
- doenças intestinais e hepáticas;
- estresse;
- má digestão;
- fatores individuais (idade, tempo de trânsito intestinal, pH intestinal, saúde imunológica).

Na literatura científica há muitos estudos comprovando a eficácia do uso de probióticos para a correção da disbiose intestinal, contribuindo para a melhora da saúde individual. A tabela 1 apresenta alguns estudos publicados recentemente com efeitos positivos:



Contrariamente aos resultados sobre os efeitos dos probióticos nas doenças intestinais, Broadhurst e colaboradores10 publicaram um estudo em dezembro de 2010 sobre a relação entre colite ulcerativa e infecção por helmintos. Estudos demonstram que a colite ulcerativa é menos comum em países onde infecções por helmintos são endêmicas, sugerindo que a colonização por tais parasitas pode regular a inflamação intestinal. Um indivíduo com diagnóstico de colite ulcerativa foi infectado com Trichuris trichiura para tratamento dos sintomas. Análises laboratoriais demonstraram que o tecido com colite ativa apresentava uma maior concentração de células T helper na mucosa, que produzem citocinas inflamatórias IL-17 mas não IL-22 (citocina envolvida na recuperação da mucosa). Após a exposição aos helmintos, observou-se a remissão da doença e aumento da produção de IL-22 na mucosa. Ainda, no tecido em contato com o parasita, o metabolismo de carboidratos e lipídios foi potencializado, enquanto que no tecido com colite ativa houve aumento de genes pró-inflamatórios. Entretanto, apesar dos resultados positivos, os autores ressaltam a importância da resposta individual e da necessidade de mais estudos para avaliar os mecanismos envolvidos e futuras aplicações práticas10.

É importante destacar que há também muitos estudos realizados especificamente com Kefir (bactérias do ácido lático) e alguns deles são destacados na tabela 2.



Sendo assim, os dados apresentados demonstram que a saúde intestinal é fundamental para o adequado funcionamento orgânico e que ela é totalmente dependente de uma adequada colonização bacteriana. Portanto, a manutenção da microbiota intestinal deve ser o objetivo básico das condutas nutricionais, tanto por meio da alimentação como pelo uso de suplementos probióticos. Vale ressaltar que para os casos de suplementação, a mesma deve ser oferecida a noite, combinando diferentes tipos de cepas como L. acidophillus (se fixam acima dos enterócitos), Streptococcus lactis (penetra nos enterócitos) e Bifidobacterium bifidum e Bifidobacterium lactis (são as que mais se multiplicam no intestino).

Referências Bibliográficas:
1. HAWRELAK, J.A.; MYERS, S.P. The causes of intestinal dysbiosis: a review. Altern Med Rev; 9(2):180-97, 2004.
2. ALMEIDA, L.B.; MARINHO, C.B.; SOUZA, C.S.; CHEIB, V.B.P. Disbiose intestinal. Rev Bras Nutr Clin; 24 (1): 58-65, 2009.
3. SAMSONOVA, N.G.; ZVENIGORODSKAIA, L.A.; CHERKASHOVA, E.A.; LAZEBNIK, L.B. Intestinal dysbiosis and atherogenic dyslipidemia. Eksp Klin Gastroenterol; (3):88-94, 2010.
4. EUN, C.S.; KIM, Y.S.; HAN, D.S. et al. Lactobacillus casei prevents impaired barrier function in intestinal epithelial cells. APMIS; 119(1):49–56, 2011.
5. de MORENO de LEBLANC, A; PERDIGÓN, G. The application of probiotic fermented milks in cancer and intestinal inflammation. Proc Nutr Soc; 69(3):421-8, 2010.
6. MATSUMOTO, K.; TAKADA, T.; SHIMIZU, K.; et al. Effects of a probiotic fermented milk beverage containing Lactobacillus casei strain Shirota on defecation frequency, intestinal microbiota, and the intestinal environment of healthy individuals with soft stools. J Biosci Bioeng; 110(5):547-52, 2010.
7. ARONSSON, L.; HUANG, Y.; PARINI, P.; et al. Decreased fat storage by Lactobacillus paracasei is associated with increased levels of angiopoietin-like 4 protein (ANGPTL4). PLoS One; 5(9), 2010.
8. CHEN, Y.S.; JAN, R.L.; LIN, Y.L.; et al. Randomized placebo-controlled trial of lactobacillus on asthmatic children with allergic rhinitis. Pediatr Pulmonol; 45(11):1111-20, 2010.
9. LYRA, A.; KROGIUS-KURIKKA, L.; NIKKILÄ, J.; et al. Effect of a multispecies probiotic supplement on quantity of irritable bowel syndrome-related intestinal microbial phylotypes. BMC Gastroenterol; 10: 110, 2010.
10. BROADHURST, M.J.; LEUNG, J.M.; KASHYAP, V. et al. IL-22+ CD4+ T Cells Are Associated with Therapeutic Trichuris trichiura Infection in an Ulcerative Colitis Patient. Sci Transl Med; 2(60): 60ra88, 2010.
11. GRISHINA, A.; KULIKOVA, I.; ALIEVA, L.; et al. Antigenotoxic effect of kefir and ayran supernatants on fecal water-induced DNA damage in human colon cells. Nutr Cancer; 63(1):73-9, 2011.
12. UCHIDA, M.; ISHII, I.; INOUE, C.; et al. Kefiran reduces atherosclerosis in rabbits fed a high cholesterol diet. J Atheroscler Thromb; 17(9):980-8, 2010.
13. HOJSAK, I.; SNOVAK, N.; ABDOVIC, S.; et al. Lactobacillus GG in the prevention of gastrointestinal and respiratory tract infections in children who attend day care centers: a randomized, double-blind, placebo-controlled trial. Clin Nutr; 29(3):312-6, 2010.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

CEIA SAUDÁVEL



Com a aproximação das festas devemos pensar que a MODERAÇÃO é a palavra-chave para quem quer manter a forma e não sofrer as consequências negativas do abuso do álcool e alimentos gordurosos e ricos em açúcar.
A seguir algumas dicas retiradas do site do Mundo Verde para uma ceia mais nutritiva:

"- Nada melhor do que petiscos saborosos para receber familiares e amigos e iniciar a ceia de natal. Torradas integrais com pasta de soja ou tahine, são opções leves e práticas. Prepare um mix de oleaginosas com frutas secas (castanha de caju, castanha do Brasil, amendoim, amêndoas, uva passa e damasco) que com certeza agradará seus convidados. Sirva junto um ponche de frutas sem álcool ou água com gás com raminhos de alecrim ou folhas de hortelã, que além do sabor ajudam a melhorar a digestão;

- Para entrada opte por preparações ricas em fibras que geram saciedade, reduzindo o apetite. Tabule de quinua temperado com curry, salada de folhas verdes com palmito e gergelim preto ou semente de chia ao molho de mostarda com mel, são excelentes opções que além de saborosas fornecem vitaminas, minerais, gorduras insaturadas e antioxidantes;

- Para o prato principal opte por preparações com soja, almôndegas, empadão e proteína de soja acebolada são excelentes opções. O tradicional peru pode ser preparado com crosta de amêndoas. Para os vegetarianos pode ser preparado um risoto de arroz preto, com tomate seco e castanha do Brasil;

- Para enriquecer esta refeição tão especial, prepare um arroz integral com especiarias (cardamomo, canela e cravo) ou um mix de arroz cateto integral com lentilhas germinadas.

- Para a sobremesa opte por salada de frutas orgânicas com creme de soja (substituto do creme de leite), doce de frutas em calda (pêssego e figo) ou prepare muffins natalinos;

- Para beber o suco de uva integral, de preferência orgânico, é uma boa opção para substituir o vinho. O vinho tinto orgânico, com moderação (para maiores de idade e para quem não vai dirigir) é uma opção para o brinde!"

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Arroz integral tira a vontade de comer doce



Uma das maiores causas da compulsão pelo doce é a deficiência de cromo, que é muito comum nos dias atuais, principalmente devido ao consumo exagerado de açúcar que depleta o cromo no organismo. E essa depleção causa uma enorme vontade de comer doce, isso gera um ciclo que é difícil de sair sem uma grande mudança nos hábitos alimentares.

O arroz integral possui uma grande quantidade de cromo que modula o metabolismo da glicose e da insulina, além de ser rico em fibra e fonte de vários minerais ajudando a manter a saciedade por mais tempo, além de conter gama-orizanol, componente com ação antioxidante , quelante de metais pesados como chumbo e alumínio, sendo também um grande restaurador da secreção gástrica e a permeabilidade intestinal.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

AZIA E ANTIÁCIDOS




O texto abaixo discorre sobre as consequências do uso indiscriminado e crônico de antiácidos que atualmente é extremamente comum entre a população. Na minha prática clínica percebo como é fácil e rápido melhorar este sintoma, em apenas 15 dias a melhora é evidente!! Mas claro, exige disciplina!!!

"A edição nº 97 da revista Saúde!, publicada em Maio deste ano, trouxe a reportagem “O que fazer quando o estômago queima?”. A reportagem aborda sobre a forma de tratamento mais utilizada para acabar com a azia, ou seja, o uso de antiácidos. Esta classe de medicamentos, de fato, ajuda a aliviar o sintoma de queimação e dor. Porém, seu uso contínuo traz sérias consequências ao organismo, já que tem o objetivo de tratar o sintoma e não a causa.

O refluxo gastroesofágico, ou seja, a sensação conhecida como azia, é um sintoma decorrente do retorno dos ácidos estomacais para o tubo que conecta o estômago à boca, chamado de esôfago. Esse refluxo ocorre devido ao relaxamento do esfíncter esofagiano inferior (EEI), um músculo que tem como função controlar a passagem dos alimentos para o estômago. Neste caso, o músculo não se contrai adequadamente, permitindo o retorno do suco gástrico.

A maioria absoluta da população que apresenta este problema segue uma dieta bastante desequilibrada. Em muitos casos, o paciente consome quantidades elevadas de frituras, café, refrigerantes, bebidas alcoólicas e doces, além de concentrar grandes volumes de alimentos em uma única refeição. Todas essas condutas irão propiciar a diminuição da pressão do EEI, havendo assim o retorno do conteúdo gástrico, seguido dos sintomas do refluxo.

A questão é que para a população, e grande parte dos médicos, a solução é a introdução de medicamentos antiácidos. Os antiácidos têm como função neutralizar a acidez estomacal e, com isso, proporcionam alívio imediato aos sintomas de queimação. Para muitas pessoas, essa solução imediata é mais fácil do que adotar hábitos alimentares saudáveis, retirando os alimentos comumente consumidos, que promovem a agressão da parede do estômago.

O uso prolongado de antiácidos e inibidores de bombas de prótons (como Omeprazol®, Pantoprazol®) irá gerar uma alcalinização do conteúdo gástrico, ou seja, o suco gástrico perde sua acidez e, assim, há o comprometimento da digestão de proteínas, minerais como o Ferro, além de vitaminas como a B12. Com a “diluição” do conteúdo gástrico, a digestão fica comprometida e, assim, o alimento permanece por mais tempo no estômago, o que gera desconforto e sensação de empachamento. Além disso, a má digestão de proteínas favorece que macromoléculas mal digeridas penetrem pelo intestino e cheguem à corrente sanguínea, disparando a ação do sistema imunológico e o início de diversos processos inflamatórios que podem estar relacionados com a causa do refluxo.

Dessa forma, um dos passos iniciais do tratamento é investigar qual alimento pode desencadear essa resposta inflamatória. Ainda, reequilibrar a produção e concentração de ácido clorídrico estomacal e das enzimas essenciais para a digestão de todos os nutrientes através da utilização de chás digestivos como alecrim, cidreira, erva-doce, hortelã e também suco de Aloe vera, rico em enzimas digestivas e ainda com ação cicatrizante sobre a mucosa gástrica e intestinal. Finalmente, é necessária uma dieta livre de irritantes à mucosa, como frituras, café, álcool, refrigerante e outros alimentos industrializados, porém, rica em alimentos fontes de nutrientes reparadores e de crescimento da mucosa como zinco, vitamina E, vitamina A, vitamina B12, ácido fólico e vitamina C.

Para a Nutrição Funcional, tratar sintomas não é sinônimo de saúde. O tratamento nutricional visa eliminar a causa do problema, ou seja, devolver ao órgão o seu equilíbrio e funcionamento correto. Portanto, se você sofre de azia, queimação e má digestão, procure um profissional que poderá lhe ajudar a eliminar o seu desconforto.

*Texto elaborado pelo Dr. Guilherme Barros Fernandes, aluno bolsista do curso de Pós-graduação em Nutrição Clínica Funcional pela VP Consultoria Nutricional/ Divisão Ensino e Pesquisa".