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*Graduada em Nutrição, Araçatuba 2007. Especialista em Nutrição Funcional (VP São Paulo, 2010), Nutrição Ortomolecular (FAPES, São Paulo 2012) e Fitoterapia Funcional (VP Campinas, 2014). Participação ativa em Congressos e Cursos da área Funcional. *Atendimento em consultório desde 2008. Clínica Portinari - 18 3305-5838

domingo, 24 de março de 2013

Esclerose múltipla e desequilíbrios nutricionais

A abordagem nutricional no tratamento da esclerose múltipla (EM) deve ser adaptada às necessidades individuais e de acordo com as manifestações clínicas do paciente. Isso porque a conduta nutricional ainda não está bem estabelecida devido à falta de estudos e diretrizes na área.

Apesar de não existir uma abordagem nutricional específica, alguns micronutrientes e compostos bioativos de alimentos são capazes de modular o estresse oxidativo e inibir a produção de moléculas inflamatórias associadas com a EM. Entre eles, os mais importantes são os polifenóis, carotenoides, ácidos graxos ômega-3, vitamina D, selênio e zinco.

O uso de antioxidantes na EM baseia-se na constatação de que o estresse oxidativo, em particular a geração excessiva de espécies reativas de oxigênio (EROs), é um dos componentes mais importantes envolvidos na inflamação e dano neuronal. Por essa razão, a ingestão adequada de antioxidantes, como os polifenóis, carotenoides, selênio e vitamina C pode ser útil para restaurar o equilíbrio oxidativo.

A vitamina D possui um efeito promissor no tratamento de doenças autoimunes devido ao seu papel imunomodulador e sua deficiência é frequentemente encontrada em pacientes com EM.

Os pacientes medicados com esteroides apresentam baixos níveis de zinco e sua deficiência podem predispor os pacientes às úlceras por pressão e causar prejuízos no funcionamento do sistema imune.

Os ácidos graxos ômega-3 (especialmente os ácido eicosapentaenoico [EPA] e ácido docosahexaenoico [DHA]) possuem atividades anti-inflamatória e imunomoduladora, além de exercer efeitos neuroprotetores.
Entretanto, estudos que avaliem abordagens nutricionais específicas são necessárias para confirmar os benefícios desses compostos no tratamento da EM.

A doença é caracterizada por uma reação das células de defesa do sistema imune, as quais, desconhecendo os lipídeos e as proteínas da bainha de mielina como próprias do indivíduo, a atacam e destroem. A degeneração dos axônios impede a comunicação entre os neurônios pela impossibilidade da passagem do impulso elétrico, estabelecendo-se as incapacidades motoras e cognitivas do indivíduo.
A EM é uma doença inflamatória, crônica, desmielinizante (que destrói a bainha de mielina), que prejudica o funcionamento do sistema nervoso central (SNC) por processo autoimune. Trata-se de uma doença multifatorial complexa, em que os hábitos alimentares podem estar envolvidos em sua patogênese.

Os pacientes com EM frequentemente apresentam diferentes desequilíbrios nutricionais, principalmente em decorrência da terapia medicamentosa. O sobrepeso e a obesidade estão geralmente associados ao uso de esteroides, dificuldade de locomoção e menor gasto energético. Por outro lado, o baixo peso ou o desenvolvimento de caquexia podem ser ocasionados pelo uso de drogas imunossupressoras e inibidoras do apetite.



Texto escrito por Rita de Cássia Borges de Castro



 

sábado, 2 de março de 2013

Ômega-3 e déficits neurológicos



As evidências do uso do ácido graxo ômega-3 em transtornos mentais e psiquiátricos são relativamente recentes, mas mostram-se benéficas e promissoras.

Transtornos mentais são importantes causas de disfunção neurológica no mundo todo, afetando desproporcionalmente mulheres, crianças e adolescentes. Com o objetivo de elucidar as possíveis causas e consequências de doenças mentais, pesquisadores começaram a estudar o papel da nutrição na saúde mental. Evidências indicam que os ácidos graxos essenciais, como os da família do ômega-3, apresentam papel fundamental na prevenção e tratamento de diversos transtornos mentais e neurológicos (1,2).


Ácidos graxos ômega-3 são essenciais durante todo o ciclo da vida para o desenvolvimento e funcionamento normal do cérebro. O tecido cerebral é predominantemente composto de lipídeos, incluindo os saturados, monoinsaturados e poli-insaturados. Dentre os ácidos graxos poli-insaturados, o ômega-3 corresponde por cerca de 10 a 20% do total da composição de ácidos graxos no cérebro (1), pois são componentes estruturais fundamentais das membranas de neurônios e também estão envolvidos na bioquímica do desenvolvimento e processos cerebrais e neuronais do sistema nervoso central (3).

Apesar da importância do ômega-3 já estar evidenciada na literatura científica, o consumo de ômega-3 pela população geral, incluindo crianças e adolescentes, é frequentemente inadequado. Evidências sugerem que a deficiência de ômega-3 pode estar associada com diversos problemas de comportamento, desordens neurológicas e psiquiátricas, como por exemplo, déficit de atenção, dislexia, autismo, transtornos bipolares, esquizofrenia e depressão.

Revisão sistemática verificou que a suplementação com ômega-3 em crianças com transtornos de déficit de atenção e hiperatividade é benéfica na melhora dos sintomas gerais, porém modesta (4). Em crianças autistas, resultados premiliminares demonstram que a suplementação com ômega-3 melhora a habilidade motora e cognitiva, sociabilidade, contato visual e concentração, além de reduzir a agressividade, irritabilidade e hiperatividade (5-7)




Referência (s)

1. McNamara RK, Carlson SE. Role of omega-3 fatty acids in brain development and function: potential implications for the pathogenesis and prevention of psychopathology. Prostaglandins Leukot Essent Fatty Acids. 2006;75(4-5):329-49.

2. Ramakrishnan U, Imhoff-Kunsch B, DiGirolamo AM. Role of docosahexaenoic acid in maternal and child mental health. Am J Clin Nutr 2009;89(suppl):958S–62S.

3. Schuchardt JP, Huss M, Stauss-Grabo M, Hahn A. Significance of long-chain polyunsaturated fatty acids (PUFAs) for the development and behaviour of children. Eur J Pediatr. 2010;169(2):149-64.

4. Bloch MH, Qawasmi A. Omega-3 Fatty Acid supplementation for the treatment of children with attention-deficit/hyperactivity disorder symptomatology: systematic review and meta-analysis. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2011;50(10):991-1000.

5. Amminger GP, Berger GE, Schafer MR, Klier C, Friedrich MH, Feucht M. Omega-3 fatty acids supplementation in children with autism: A double-blind randomized, placebo-controlled pilot study. Biological Psychiatry. 2007;61:551-3.

6. Bell JG, MacKinlay EE, Dick JR, MacDonald DJ, Boyle RM, Glen AC. Essential fatty acids and phospholipase A2 in autistic spectrum disorders. Prostaglandins Leukot and Essent Fatty Acids. 2004;71:201-4.

7. Bent S, Bertoglio K, Ashwood P, Bostrom A, Hendren RL. A pilot randomized controlled trial of omega-3 fatty acids for autism spectrum disorder. J Autism Dev Disord. 2011;41(5):545-54


texto retirado do site: www.nutritotal.com.br