Quem sou eu
- Andréa Gigliotti Moreira Costa
- *Graduada em Nutrição, Araçatuba 2007. Especialista em Nutrição Funcional (VP São Paulo, 2010), Nutrição Ortomolecular (FAPES, São Paulo 2012) e Fitoterapia Funcional (VP Campinas, 2014). Participação ativa em Congressos e Cursos da área Funcional. *Atendimento em consultório desde 2008. Clínica Portinari - 18 3305-5838
sábado, 24 de novembro de 2012
CRANBERRY PARA UMA URINA ESTÉRIL
Texto muito bom!!!
Retirado do site: http://www.vponline.com.br
"A urina saudável é estéril. A entrada e proliferação bacteriana no trato urinário é o que provoca doenças. As infecções do trato urinário (ITU) ocorrem quando há presença de microrganismos (número de bactérias na urina geralmente > 100.000/mL) seja na bexiga, próstata, sistema coletor (ureter) e rins. Os sintomas mais freqüentes incluem maior freqüência e urgência em urinar, ato de urinar doloroso, urina turva e dor lombar. A recorrência desse tipo de infecção é comum, especialmente em mulheres. Os fatores de risco que predispõem as mulheres a esta recorrência incluem relações sexuais, uso de contraceptivos orais, uso de antibióticos, estrógeno, genética e proximidade da uretra ao ânus. A Escherichia coli é patógeno urinário mais comum, presente em cerca de 85% dos casos, por possuir macromoléculas protéicas (fimbriae) que facilitam a sua adesão às células uroepiteliais do trato urinário. Uma vez no trato urinário, a bactéria não causará a doença a menos que prolifere. E a proliferação ocorre a partir da aderência do microrganismo à superfície da mucosa do trato urinário, subseqüente multiplicação bacteriana e infecção do tecido do hospedeiro.
O tratamento da disbiose é prioritário para este perfil de pacientes, e felizmente a natureza também traz outros recursos para ajudar na prevenção dessas infecções. A ingestão de substâncias capazes de interferir na habilidade de aderir à superfície mucosa automaticamente prejudica a capacidade de infecção bacteriana. É justamente neste ponto que a cranberry se destacou como importante alimento funcional com benefícios comprovados para a saúde do trato urinário. Na Revista viva Saúde edição 81 de janeiro de 2010 uma pequena nota traz a informação de sua aplicação contra as infecções urinárias.
A cranberry é uma fruta vermelha escura, pequena, nativa do leste da América do Norte, popularizada como poderosa contra as infecções do trato urinário já em 1920. Existem dois tipos do fruto cranberry: Vaccinium oxycoccos, que cresce em terrenos pantanosos do norte da América do Norte, norte da Ásia, e Europa central; e a Vaccinium macrocarpon mais encontrada na região leste do Canadá (Newfoundland) até as Carolinas nos EUA. O consumo pode ser como fruta fresca, concentrado, molhos, bebidas prontas ou extrato. O suco puro concentrado é muito ácido (pH ≤ 2,5) e não palatável. Na década de 1950 foi desenvolvido o cocktail de suco de cranberry, uma mistura de suco puro concentrado (pelo menos na proporção de 25%/volume), adoçante, água e vitamina C. A quantidade de polifenólicos totais, expressa em base úmida, avaliada em produtos derivados da cranberry varia e é maior na ordem: forma seca > congelada > molho > geléia. Quando essa relação é feita com base no tamanho da porção para cada um desses produtos a ordem é: fruta congelada > suco 100% > fruta seca > suco a 27% > molho > geléia.
Um dos mecanismos propostos para prevenção de infecções urinárias seria a acidificação da urina como forma de inibir o crescimento bacteriano. Porém, já foi demonstrado que o consumo de cranberry não altera de forma importante o pH urinário. A presença de outros compostos como as proantocianidinas (taninos compostos) e a frutose exerceria este efeito. As proantocianidinas são oligômeros de unidades de flavonol, porém, na cranberry apresentam um tipo de ligação (tipo A) entre estas unidades que difere daquela encontrada em outras frutas (tipo B), e especula-se que o tipo de ligação A seria mais efetiva para o efeito contra aderência das bactérias. Os estudos in vitro comprovam a capacidade do suco ou cocktail dessa fruta em prejudicar a aderência de alguns tipos de bactérias. Os estudos clínicos sugerem benefícios, mas não é eficaz a todos os indivíduos que a utilizam. Deve-se considerar a forma de consumo, a quantidade e o período de uso.
O consumo de 475 mL de suco de cranberry diariamente por 21 dias reduziu em 50% as queixas urogenitais e número de bactérias de pacientes com sintomas de ITU. Já o consumo de 300 mL de cocktail de suco de cranberry por 6 meses reduziu em 42% as chances de mulheres idosas apresentarem bacteriúria e piúria. O consumo de uma cápsula duas vezes ao dia, por 12 semanas, contendo 200mg de extrato padronizado de cranberry para conter 30% de fenólicos (25% de proantocianidinas) foi avaliado em 12 mulheres com histórico de seis episódios de ITU ao ano. Durante o período do estudo nenhuma delas apresentou infecção, e aquelas que mantiveram o uso de suplementos a base de cranberry não apresentaram nenhum episódio até os dois anos que foram contactadas.
Pela riqueza de compostos bioativos flavonóides, como quercetina e mirecetina, com propriedades antioxidantes, a aplicabilidade do cranberry não se restringe apenas à prevenção de infecções do trato urinário. Um estudo com suplementação de 7mL/kg de peso de cocktail de suco de cranberry a homens saudáveis por 14 dias mostrou aumento de 6% na capacidade antioxidante do plasma e redução de 10% da LDL oxidada. Embora tenha sido um estudo com limitações como a falta de grupo placebo e curta duração da intervenção, a relevância fisiológica desses resultados nos aspectos cardiovasculares deve ser ainda mais explorada. Em outro trabalho, 250 mL de cocktail de suco de cranberry de baixa caloria ao dia por 4 semanas aumentou os níveis de HDL em 8% em homens obesos sem outras alterações nos hábitos alimentares, um nível de aumento semelhante ao obtido com o uso de fibratos.
Outra aplicação interessante da cranberry se refere à sua propriedade de inibir a colonização da superfície dentária por streptococci oral e desenvolvimento da placa dental, a qual tem implicações na etiologia das cáries e doenças periodontais. Ao reduzir a hidrofobicidade dos microrganismos, reduz sua aderência à superfície dentária e a formação de biofilmes.
Mas algumas ressalvas devem ser feitas quanto ao seu consumo. Em indivíduos controles e indivíduos com história de cálculos renais de oxalato de cálcio estudou-se o consumo de 1L de cocktail de suco de cranberry (27% do concentrado) por 7 dias e comparou-se com igual período no qual os voluntários receberam água deionizada. Houve aumento significativo de cálcio urinário (de 154 para 177 mg) e oxalato urinário (de 26.4 para 29,2), aumentando a saturação urinária de oxalato de cálcio em 18%. No entanto, o consumo do suco reduziu os níveis de ácido úrico urinário (de 544 para 442 mg/dia) assim como as concentrações séricas. Se por um lado, o consumo do suco possa ser interessante para redução de ácido úrico, por outro tem o potencial de aumentar os riscos de formação de oxalato de cálcio. Em outro estudo com apenas 5 voluntários saudáveis, o consumo de cápsulas de cranberry segundo recomendações do fabricante por 7 dias aumentou em 44% a excreção de oxalato e em 50,7% a supersaturação de oxalato de cálcio. Embora tenha provocado também o aumento nos níveis dos minerais inibidores da formação de cálculos, magnésio e potássio na urina (em 47% e 67% respectivamente), o uso em pacientes com tendência a formação de cálculos deve ser realizado com cautela. Um tablete de concentrado de cranberry de 450 mg equivale a 2880 mL de suco concentrado de cranberry segundo informações do rótulo. Se o conteúdo de oxalato no tablete for proporcional ao conteúdo presente na quantidade equivalente do suco concentrado, o uso de 2 tabletes diários como recomendado pelos fabricantes forneceria em torno de 363 mg de oxalato ao dia.
Outra ressalva em relação ao uso de suco de cranberry deve ser feita a pacientes em uso de warfarina. Embora a interação da droga com o suco de cranberry não esteja comprovada, alguns relatos de hemorragia sugerem cuidado. Uma hipótese plausível dessa interação se deve ao fato do suco conter muitos antioxidantes (como os flavonóides) capazes de inibirem as enzimas citocromo P450. Como a warfarina é metabolisada pela P450 CYP2C9, a inibição dessa enzima aumentaria a ação da droga.
Não seja pelas ressalvas feitas, a única limitação para o uso do suco de cranberry para muitos é o preço: um litro do suco custa em torno de R$ 11,00. Tem coisas que têm um preço alto, outras não têm preço: a saúde, e uma vida livre de ITU é uma delas! "
*Texto elaborado pela bolsista de pós-graduação em Nutrição Clínica Funcional da VP Consultoria Nutricional Tatiana Fiche.
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Relação entre Vitamina D e proteção ao câncer
A vitamina D tem sido associada com a prevenção de várias doenças crônicas, incluindo diversos tipos de câncer, como colorretal, mama, próstata e pele, além da relação com a manutenção da homeostase do cálcio a saúde óssea.
A exposição solar, através dos raios UVB (ultravioleta B), induz na pele a síntese vitamina D pela conversão de 7-deidrocolesterol em vitamina D3 (colecalciferol ou pré-vitamina D3). A vitamina D pode ser obtida pela dieta através do colecalciferol, de origem animal e o ergocalciferol (vitamina D2), de origem vegetal. As principais fontes naturais de vitamina D são peixes como salmão, atum e cavala, seguido de fígado, gema de ovo, queijo e cogumelos. Existem também diversos alimentos fortificados com vitamina D sintética, incluindo leite e produtos lácteos, suco de laranja, cereais matinais, barras de cereais, fórmulas infantis e margarinas.
A vitamina D proveniente da dieta é absorvida no intestino delgado na forma lipossolúvel incorporada a quilomícron. No fígado, esse complexo se liga a uma proteína-ligante de vitamina D e é metabolizado, juntamente com a vitamina D3 sintetizada pela pele. A vitamina D sofre hidroxilação na posição C-25 pela enzima hepática 25-hidroxilase, resultando na formação da 25-hidroxicolecalciferol (25(OH)D3 ou calcidiol), principal forma circulante da vitamina D. Nos rins ocorre uma segunda hidroxilação na posição C-1 do calcidiol através da enzima 1-alfa-hidroxilase (CYP27B1), formando o 1,25(OH)2D3, a forma mais ativa da vitamina D. Os níveis séricos de 25(OH)D é a principal forma circulante de vitamina D, pois sua meia vida é consideravelmente mais longa do que a da 1,25(OH)2D3 (15 dias contra 15 horas).
Diversos mecanismos moleculares têm sido propostos para os efeitos protetores da vitamina D no câncer. Muitos desses mecanismos estão relacionados com a produção de 1,25(OH)2D3 por tecidos que possuem a enzima CYP27B1, como a próstata, cólon, mama e pâncreas. Nas células destes tecidos, a 1,25(OH)2D3 liga-se ao receptor da vitamina D (VDR) em que, no núcleo celular formam um complexo para influenciar a expressão de genes envolvidos na regulação da inflamação, apoptose de células tumorais, diminuição da proliferação, diferenciação celular e imunomodulação. Estudos têm verificado que uma maior expressão do receptor de vitamina D está diretamente relacionada na modulação da proliferação e diferenciação celular, bem como na indução de apoptose em células tumorais.
Diversos estudos in vitro, in vivo e estudos epidemiológicos demonstram um papel importante da vitamina D especialmente na redução da incidência do câncer colo-retal. Pesquisadores verificaram em uma metanálise que indivíduos com os níveis séricos de 25(OH)D3 ≥ 82 nmol/l tiveram uma incidência 50% menor de câncer colorretal do que aqueles com níveis ≤ 30 nmol/l.
A relação entre os níveis séricos de vitamina D e o risco de desenvolver alguns tipos de câncer foi revisada em 2008 por Holick, no qual o autor sugere uma redução de 30 a 50% do risco de desenvolver câncer colorretal, mama e próstata, caso haja um aumento de vitamina D, através da ingestão diária de 1000 UI ao dia ou da exposição solar, elevando os níveis séricos de 25(OH)D3 para mais de 30 ng/mL.
Outro estudo verificou que a ingestão de alimentos enriquecidos com vitamina D, totalizando 400 UI/dia, foi associada à redução do risco de desenvolver câncer de mama. Pesquisas sugerem que os níveis séricos de 25(OH)D3 ou 1,25 (OH)2D3 parecem menores em pacientes com câncer de mama avançado ou metastático em relação àquelas pacientes com doenças em estágio inicial. Além disso, existem evidências que baixos níveis sérios de 25(OH)D3 ao diagnóstico estejam relacionados a um pior prognóstico, isto é, maior chance de recidiva da doença.
Em resumo, as evidências são bastante convincentes de que existe uma relação entre níveis inadequados de vitamina D com o aumento do risco de câncer e/ou a progressão do tumor. Entretanto, ainda são necessários mais estudos para essa afirmação e não é recomendada suplementação com altas doses de vitamina D com o intuito de prevenir o câncer. Os pesquisadores sugerem que a ingestão de vitamina D seja em torno de 600 UI (15 mcg) por dia, conforme as novas DRI (Dietary Reference Intakes), publicadas em 2010.
texto retirado do site: http://www.nutritotal.com.br/perguntas/?acao=bu&id=695&categoria=16
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Restrição do sono estimula consumo alimentar
Estudo publicado na revista The American Journal of Clinical Nutrition demonstrou que existe uma ligação entre a restrição do sono e aumento ao estímulo de consumo alimentar, concluindo que indivíduos que dormem poucas horas apresentam uma maior propensão a comer mais.
Os pesquisadores avaliaram 26 indivíduos saudáveis (14 homens e 12 mulheres) com índice de massa corporal (IMC) entre 22 e 26 kg/m2. Indivíduos com sobrepeso são aqueles que possuem IMC na faixa de 25 a 29,9 kg/m2. O objetivo foi determinar os efeitos da restrição parcial do sono sobre a ativação neuronal em resposta a estímulos alimentares.
Os participantes foram aleatoriamente distribuídos para a restrição de sono (4 horas/noite) ou sono habitual (9 horas/noite) durante seis dias. Para a avaliação do sono, os indivíduos foram internados em centro de pesquis;a especializado e a ressonância magnética foi realizada antes e depois do período de seis dias. A ingestão alimentar dos participantes foi controlada durante quatro dias antes do período de avaliação do sono.
Ao final do estudo, o grupo que teve restrição ao sono dormiu em média 3h46min/noite. O grupo que teve um sono habitual dormiu em média 7h38min/noite.
Os resultados da ressonância magnética demonstraram que a atividade neuronal global da região relacionada aos hormônios do apetite na resposta a estímulos alimentares foi maior após a restrição do sono, em comparação com o sono habitual. Além disso, houve maior atividade em áreas cerebrais associadas à recompensa, como o putamen, nucleus accumbens, tálamo, ínsula e córtex pré-frontal. Estas regiões têm sido associadas com a motivação e valor de recompensa aos alimentos, aumentando a consciência das propriedades gratificantes do consumo alimentar.
“Nossos resultados sugerem que a associação entre a restrição do sono e o sobrepeso pode, em parte, ser o resultado de alterações na atividade neuronal. Essas mudanças associadas com o sono reduzido aparentemente afetam regiões do cérebro conhecidas por serem ligadas à motivação e desejo, indicando um aumento ao estímulo de comer cada vez mais”, concluem os autores.
Referência(s)
St-Onge MP, McReynolds A, Trivedi ZB, Roberts AL, Sy M, Hirsch J. Sleep restriction leads to increased activation of brain regions sensitive to food stimuli. Am J Clin Nutr. 2012;95(4):818-24.
texto retirado do site nutritotal.com.br
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