A revista IstoÉ do mês de agosto, divulgou uma pesquisa que correlaciona a alta prevalência de doenças da tireóide na região de Santo André, Mauá e São Paulo com contaminação ambiental de chumbo (metal altamente tóxico). A partir da análise de amostras de cascas de árvores extraídas da área ficou evidenciada a presença de resíduos de chumbo, vindos de indústrias localizadas nas proximidades.
Já é conhecido que antes da revolução industrial a quantidade de chumbo que o ser humano carregava era menor do que 2mg, porém atualmente nas sociedades industrializadas a quantidade total é cerca de 200mg.
A tireóide é uma importante glândula do nosso organismo e produz hormônios que tem como uma das suas principais funções regular o metabolismo. Quando a mesma não funciona adequadamente pode levar a repercussões sistêmicas em graus variáveis de severidade. Mas, afinal qual o mecanismo que gera a relação da intoxicação de chumbo e desordens tireoideanas?
Um dos motivos é que o chumbo, assim como qualquer outro metal pesado, é metabolizado no fígado; esse órgão, no entanto, também é responsável por grande parte da conversão do hormônio tireoideano (T4) na sua forma ativa (T3) e, portanto, o excesso de um componente tóxico no fígado impede a efetiva realização dessa conversão. O problema hepático leva a agravos nos níveis do hormônio tireoideano.
Essa pesquisa revela uma condição ambiental que inevitavelmente reforça a relevância da destoxificação hepática (eliminação de compostos tóxicos de origem externa ou interna), intervenção comum na prática clínica da Nutrição Clínica Funcional, que garantirá o sucesso do tratamento nutricional, pois através da destoxificação ocorrerá a redução do impacto negativo do chumbo, ou de qualquer outro componente que possa ser “estranho” ao nosso organismo.
Vale ressaltar que, assim como em qualquer outra desordem de saúde, a nutrição é o mecanismo fundamental para garantir a homeostase do organismo, pois propiciará o funcionamento adequado através da modulação das causas de expressão da doença. A partir desse consenso, um dos objetivos é suprir inclusive possíveis deficiências de nutrientes que possam estar influenciando negativamente. Entre eles, notoriamente destacam-se, no caso das doenças de tireóide, o selênio, zinco, iodo e vitaminas A e D.
Além disso, a pesquisa divulgada retoma o nosso pensamento de que o diagnóstico de uma desordem, muitas vezes, trata-se apenas da ponta do iceberg e, por isso, somente a investigação clínica minuciosa, considerando todos os fatores aos quais o indivíduo está exposto, combinada à avaliação do rastreamento genético, análise de sinais e sintomas e investigação de hábitos alimentares, possibilitará desvendar a individualidade bioquímica que norteará o tratamento nutricional.
Fonte: www.vponline.com.br
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