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*Graduada em Nutrição, Araçatuba 2007. Especialista em Nutrição Funcional (VP São Paulo, 2010), Nutrição Ortomolecular (FAPES, São Paulo 2012) e Fitoterapia Funcional (VP Campinas, 2014). Participação ativa em Congressos e Cursos da área Funcional. *Atendimento em consultório desde 2008. Clínica Portinari - 18 3305-5838

sábado, 14 de maio de 2011

Emagrecer é fácil?


Em minha prática clínica percebo todos os dias que para emagrecer e equilibrar o organismo é necessário uma única palavra DETERMINAÇÃO... Quem é determinado em todos os aspéctos de sua vida também terá sucesso quando tomar a decisão em perder poucos ou muitos quilinhos!!! Claro que isso requer uma MUDANÇA NO ESTILO DE VIDA. Mudança não só na troca dos alimentos ingeridos mas também mudança de COMPORTAMENTO ALIMENTAR. O legal é que a maioria das pessoas que me procuram estão bucando esta mudança à algum tempo e quando "entramos em conexão" os resultados são fantásticos!!! Brinco sempre com meus pacientes "eu mostro o caminho, mas se você não trilhar nele não obterá nenhum resultado".

Claro que existem aqueles pacientes que não estão em seu momento, me procuram e querem perder peso mas não estão preparados, seja por trabalho, filhos ou qualquer outro motivo e apesar de serem disciplinados e melhorarem muitos dos sintomas apresentados, ainda terão mais dificuldade em perder peso, isso porque o organismo ainda não está em equilíbrio!

Acabei de ler um texto muito interessante e quero compartilhar com vocês. É de um médico que conta como perdeu 25kg em 3 meses com muita determinação e disciplina. Vale a pena ler!!!!


Emagrecer é fácil?

Até o ano passado, se alguém quisesse me encontrar em uma multidão, era muito fácil. Era só procurar o gordo. Agora, 25 quilos mais magro, já não vai ser fácil de me achar levando-se em conta somente meu perfil. Por isso resolvi escrever este post, para discutir um pouco mais da obesidade, das conseqüências e do seu tratamento.

Em 1997, durante um congresso internacional na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, um médico brasileiro me disse: “Paulo, como nós podemos estudar tanto, ajudar tanta gente e continuarmos gordos. Temos que dar um jeito de emagrecer!”

Essa frase ficou martelando na minha cabeça nesses anos todos.

Em 2010, durante um atendimento a um paciente antigo, ele me disse: “Dr. Paulo, o senhor. está muito gordo. Seus pacientes vêm aqui para procurar saúde, eles não podem encontrar um médico gordo desse jeito. Agradeci a sinceridade do paciente e respondi “M, da próxima vez que o senhor vier ao consultório eu não estarei mais gordo”. E cumpri a promessa.

Vamos começar com 3 frases importantes, frases “de gordo”:

- Quero emagrecer para comer as coisas que tenho vontade.

- Não me imagino sem poder comer minha comida favorita.

- Meu maior prazer é quando como uma comida bem gostosa.

Se você se identificou com as frases acima, é bom começar a pensar em abandonar esses dogmas, senão vai continuar gordo, ou vai emagrecer e engordar de novo. Este artigo é para quem está disposto a mudar e emagrecer. Eu, por exemplo, engordei bastante durante a fase preparatória para a defesa do doutorado, 13 anos atrás (época do encontro com meu colega em Nova Iorque), e me mantive gordo até o final do ano passado. Minha alimentação foi ótima durante esses anos, baseada em verduras, legumes, carne e frutas, já há alguns anos parei completamente com as bebidas alcoólicas (com exceção de um brinde de final de ano e alguns pequenos goles para experimentar algum vinho especial), e não me lembro qual foi a última vez que comi algum derivado de trigo, batata ou açúcar. Também tomo bastante sol (sem filtro solar), já que a vitamina D está relacionada à obesidade (Vilarrasa N, Vendrell J, Maravall J, Elío I, Solano E, San José P, García I, Virgili N, Soler J, Gómez JM. Is plasma 25(OH) D related to adipokines, inflammatory cytokines and insulin resistance in both a healthy and morbidly obese population? Endocrine. 2010 Oct;38(2):235-42). Então, por que continuava gordo?

Antes de começar discutir as causas da obesidade, vale a pena falar um pouco da cirurgia bariátrica (as famosas cirurgias para emagrecer), geralmente baseadas na retirada ou diminuição de parte do estômago. Se alguém por acaso quiser seguir esse caminho “fácil”, saiba que vai ter problemas importantes de saúde para o resto da vida. Como o estômago é essencial para a absorção de alguns nutrientes (como vitamina B12, Ferro e ácido fólico), a maioria dos pacientes vai ter que repor esses nutrientes para sempre, muitas vezes na forma injetável. Portanto, é trocar um problema por outro, que a longo prazo pode ser ainda pior. Eu nunca me submeteria a essa cirurgia, que em minha opinião deveria ser indicada para somente para casos extremos. (Muñoz M, Botella-Romero F, Gómez-Ramírez S, Campos A, García-Erce JA. Iron deficiency and anaemia in bariatric surgical patients: causes, diagnosis and proper management. Nutr Hosp. 2009 Nov-Dec;24(6):640-54. Salameh BS, Khoukaz MT, Bell RL. Metabolic and nutritional changes after bariatric surgery. Expert Rev Gastroenterol Hepatol. 2010 Apr;4(2):217-23).

Dito isso podemos começar discutir a obesidade.

Há basicamente três causas mais comuns para a obesidade:

- As causas hormonais, em especial as disfunções da tireóide.

- A resistência à insulina.

- A compulsão alimentar.

Muitas vezes duas ou três causas citadas acima são combinadas, ou seja, é muito comum a pessoa ter ao mesmo tempo compulsão alimentar e resistência à insulina. É essencial um acompanhamento médico para qualquer tratamento para emagrecer. Vou discorrer um pouco sobre cada uma delas.

1. Diminuição da função da tireóide. Como a principal função da tireóide é regular o metabolismo, a relação entre obesidade e diminuição da tireóide já foi bem investigada, embora em obesos mórbidos (os extremamente gordos, com índice de massa corpórea acima de 40) ainda há controvérsias (Rotondi M, Leporati P, La Manna A, Pirali B, Mondello T, Fonte R, Magri F, Chiovato L. Raised serum TSH levels in patients with morbid obesity: is it enough to diagnose subclinical hypothyroidism? Eur J Endocrinol. 2009 Mar;160(3):403-8). O tratamento consiste basicamente de reposição de hormônios da tireóide, embora seja possível tratar de outras formas, como através da acupuntura, fitoterapia e homeopatia (Shen M, Qi X, Huang Y, Lü Y, Cai W. Effects of acupuncture on the pituitary-thyroid axis in rabbits with fracture. J Tradit Chin Med. 1999 Dec;19(4):300-3. Hu G, Chen H, Hou Y, He J, Cheng Z, Wang R. A study on the clinical effect and immunological mechanism in the treatment of Hashimoto’s thyroiditis by moxibustion. J Tradit Chin Med. 1993 Mar;13(1):14-8. Schmidt JM, Ostermayr B. Does a homeopathic ultramolecular dilution of Thyroidinum 30cH affect the rate of body weight reduction in fasting patients? A randomised placebo-controlled double-blind clinical trial. Homeopathy. 2002 Oct;91(4):197-206. Parmar HS, Kar A. Possible amelioration of atherogenic diet induced dyslipidemia, hypothyroidism and hyperglycemia by the peel extracts of Mangifera indica, Cucumis melo and Citrullus vulgaris fruits in rats. Biofactors. 2008;33(1):13-24). De qualquer forma, se a questão for somente essa, basta fazer voltar os níveis normais de hormônios da tireóide no sangue para que o paciente, se não tiver problemas na dieta, voltar ao peso normal.

2. Resistência à insulina. Infelizmente no nosso país (e em outros também), o consumo de produtos de trigo (pão, massas, biscoitos, entre outros) e açúcar são a base da alimentação. Como pode existir um café-da-manhã sem um pãozinho? Fico espantado como em festas, ou mesmo nos cofee-breaks de eventos médicos não há um só alimento sem carboidratos. Um misto de pães, bolachas, torradas, salgados (quase sempre cobertos de farinha e fritos ou assados), acabam se transformando em “comida gostosa” (e muito ruim para a saúde). Sobremesa significa açúcar. Sucos são adoçados com açúcar, e refrigerantes são servidos durante as refeições. Essas substâncias são conhecidas como hidratos de carbono, ou carboidratos.

Os carboidratos são digeridos até açúcares, como a glicose e a frutose. Há carboidratos “melhores ou piores”, ou seja, há carboidratos que não provocam o aumento muito grande de glicose no sangue. Alguns dos piores foram citados acima, como a farinha de trigo e o açúcar. O aumento constante da glicose no sangue acaba provocando um problema chamado resistência à insulina, ou seja, a insulina que deveria levar a glicose para dentro das células com o objetivo de transforma-la em energia, deixa de funcionar corretamente (Roberts CK, Liu S. Effects of glycemic load on metabolic health and type 2 diabetes mellitus. J Diabetes Sci Technol. 2009 Jul 1;3(4):697-704).

O número de diabéticos nos EUA tem crescido assustadoramente, e há projeções que em 40 anos quase 30% dos americanos estarão diabéticos (Boyle JP, Thompson TJ, Gregg EW, Barker LE, Williamson DF. Projection of the year 2050 burden of diabetes in the US adult population: dynamic modeling of incidence, mortality, and prediabetes prevalence. Popul Health Metr. 2010 Oct 22;8:29). A principal causa do diabetes (a do tipo 2, o diabetes mais comum) é a resistência à insulina,

A glicose não pode ficar “sobrando” no sangue (diabetes), por isso o pâncreas produz insulina, que vai dispor a glicose para as células do corpo fabricarem energia (principalmente as células musculares)( Choi K, Kim YB. Molecular mechanism of insulin resistance in obesity and type 2 diabetes. Korean J Intern Med. 2010 Jun;25(2):119-29).

Hoje em dia a obesidade também faz parte de uma “doença” (não é especificamente uma doença mas um conjunto delas), chamada de “síndrome metabólica”. A síndrome metabólica consiste basicamente de hipertensão, aumento da resistência à insulina, aumento das gorduras no sangue (colesterol, triglicérides) e obesidade. A Síndrome metabólica é uma das principais causas das doenças cardiovasculares como o infarto do miocárdio (“ataque cardíaco”) e do acidente vascular cerebral (“derrame”). Portanto estar gordo com resistência à insulina aumentada é um passo para morrer mais cedo. (Mottillo S, Filion KB, Genest J, Joseph L, Pilote L, Poirier P, Rinfret S, Schiffrin EL, Eisenberg MJ. The metabolic syndrome and cardiovascular risk a systematic review and meta-analysis. J Am Coll Cardiol. 2010 Sep 28;56(14):1113-32). O tratamento da sindrome metabólica é mais complexo, e envolve medicação, dieta pobre em carboidratos e aumento da atividade física (exercícios). (Isharwal S, Misra A, Wasir JS, Nigam P. Diet & insulin resistance: a review & Asian Indian perspective. Indian J Med Res. 2009 May;129(5):485-99. Brand-Miller J, McMillan-Price J, Steinbeck K, Caterson I. Dietary glycemic index: health implications. J Am Coll Nutr. 2009 Aug;28 Suppl:446S-449S. Kouki R, Schwab U, Lakka TA, Hassinen M, Savonen K, Komulainen P, Krachler B, Rauramaa R. Diet, fitness and metabolic syndrome – The DR’s EXTRA Study. Nutr Metab Cardiovasc Dis. 2010 Dec 24)

3. Por fim, vou falar da compulsão alimentar, e neste item vou falar um pouco da minha experiência pessoal. Essa é uma área bem mais complicada para o tratamento médico, e para compreendê-la é necessário “sentir na pele”. Muitos colegas tratam a compulsão alimentar com antidepressivos ou anorexígenos (remédios para tirar a fome), mas o mais importante é a consciência e a mudança da postura em relação à comida.

Muitos gordinhos foram superalimentados quando criança, e muitos vêm de famílias onde a comida tem uma importância fundamental. Nestas famílias o “carinho” é feito através da comida, onde a mãe oferece a “comida gostosa” como forma de agradar a criança. Infelizmente essa relação carinho/comida faz com que o indivíduo acabe gostando de comer, e para se sentir gostado, ingere uma quantidade enorme de comida. Esse caminho acaba levando a uma espécie de doença, onde em cada dificuldade da vida, a ansiedade é combatida colocando-se mais e mais comida dentro do estômago, como forma de compensação. E a pessoa vai ficando cada vez mais gorda, se sentindo pior, e necessitando de mais comida, que a exemplo das drogas (como a cocaína ou a heroína) produz um bem estar durante alguns minutos, mas que é seguido de culpa e diminuição da auto-estima. E se essa atitude não for combatida como um vício em drogas, nenhum tratamento será eficaz, com a recaída levando a uma nova crise, onde a pessoa emagrece 10 e engorda 20 quilos.

Eu pessoalmente combati esse problema, que era a minha principal causa de continuar gordo. Alguns alimentos como a castanha-de-cajú e o requeijão eram problemáticos. Eu não podia nem experimenta-los que desencadeavam a compulsão. Tomei a resolução que iria abandonar estes alimentos para o resto da vida. Mas o mais importante foi entender que enquanto eu me rendesse ao mecanismo de “prêmio-recompensa” da comida, eu estaria perdido e gordo para sempre. E acabei entendendo que ou eu seria magro ou comeria comida gostosa, e tive que escolher. E escolhi ser magro.

O tratamento que fiz envolveu alterações da quantidade e da qualidade da comida, o uso de medicamentos da Medicina Tradicional Chinesa (compostos de ervas) e acupuntura, que eu mesmo me apliquei nos pontos para corrigir o metabolismo. Eu também nunca parei de fazer exercícios físicos, mas a partir do momento que iniciei a dieta mantive a regularidade, nadando pelo menos 3 vezes por semana.

O resultado foi um emagrecimento de 25 quilos em 3 meses, sem perda muscular. Hoje estou bem mais feliz, porque estou mais magro, e também porque me libertei da prisão que é a “refeição por prazer”. É uma liberdade que nunca soube que existia.

texto retirado do site: http://saudeblog.wordpress.com/

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