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*Graduada em Nutrição, Araçatuba 2007. Especialista em Nutrição Funcional (VP São Paulo, 2010), Nutrição Ortomolecular (FAPES, São Paulo 2012) e Fitoterapia Funcional (VP Campinas, 2014). Participação ativa em Congressos e Cursos da área Funcional. *Atendimento em consultório desde 2008. Clínica Portinari - 18 3305-5838

sábado, 21 de julho de 2012

Pão branco: o assassino oculto

Amei o texto do Dr. José de Felippe!!! Vale a pena conhecer mais sobre o índice glicêmico da dieta.



“A hiperinsulinemia possui papel relevante na fisiopatologia do infarto do miocárdio , do acidente vascular cerebral e do câncer” ou “Pão branco : O assassino silencioso”

José de Felippe Junior



“Quando você prospera na vida deve se preparar para ganhar falsos amigos e verdadeiros inimigos”

desconhecido do século XXI


Quando um país ganha o status da estabilidade econômica o povo prospera, aumenta o consumo de supérfluos e muda a sua dieta e seus hábitos. Começa a ingerir grandes quantidades de alimentos saborosos ricos em açúcar branco e farinhas refinadas, alimentos bonitos de se ver e péssimos de se comer e engordam e fazem menos exercícios. Ganham falsos amigos - alimentos refinados, embutidos e enlatados - e ganham verdadeiros inimigos – obesidade central , doenças degenerativas e sedentarismo.

Nestes países a ingestão de pão branco, pão francês , baguetes e pães de hamburguer é exagerada e de uma forma inocente acompanha todas as refeições, café da manhã , almoço e jantar, aumentando assustadoramente o índice glicêmico e a carga glicêmica . O aumento do índice glicêmico e da carga glicêmica são os fatores causais de várias doenças degenerativas como o infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e muitos tipos de câncer.

Hiperinsulinemia e Resistência à Insulina

Cada ano que passa se acrescenta na literatura médica, trabalhos epidemiológicos e prospectivos que relacionam, nos países desenvolvidos e economicamente estáveis, os fatores de risco que provocam hiperinsulinemia (sedentarismo, obesidade central, alta ingestão de carboidratos refinados) com o aumento da prevalência das principais doenças degenerativas (infarto do miocardio, diabete não dependente de insulina, câncer colo-retal, adenoma colo-retal, câncer de mama, câncer de próstata) sugerindo que a hiperinsulinemia pode ser considerada importante fator promotor destas doenças (McKeown-Eyssen – 1994 ; Giovannucci – 1992,1995,1997 ; Salmeron –1997 , Ludwig – 1999 ; Liu – 2000 ; Augustin – 2001 e Franceschi – 1995, 2001).

A ingestão de alimentos refinados provoca no período pós prandial, um aumento da glicose no sangue a qual é responsável pela produção exagerada de insulina: hiperinsulinemia. Com o passar do tempo, a persistência da hiperinsulinemia, acarreta a diminuição da sensibilidade dos receptores de membrana à insulina e surge a “resistência à insulina” a qual aumenta ainda mais a glicemia em um verdadeiro ciclo vicioso. O aparecimento de resistência à insulina provoca dificuldade de penetração da glicose do extracelular para dentro das células.

De importância prática é o fato de podermos diagnosticar em clínica esta dificuldade de passagem da glicose do extracelular para o intracelular: dosando a INSULINEMIA . Já ao olhar para uma pessoa podemos suspeitar fortemente da presença de hiperinsulinemia com resistência à insulina : presença de obesidade central – aumento do volume do abdome (aumento de gordura intra abdominal).

O normal estatístico da insulinemia está entre 2,5 a 25 microU/ml , porém o normal fisiológico, aquele que empregamos para prevenir doenças é aquele que mais se aproxima do valor inferior: 2,5 a 5 microU/ml.

Insulinemia elevada significa dificuldade de penetração da glicose no compartimento intracelular com o conseqüente estresse oxidativo metabólico (vide abaixo o elo esquecido) e os trabalhos epidemiológicos realmente mostram que populações com aumento da insulinemia têm maior probabilidade de apresentar as doenças degenerativas relacionadas ao estresse oxidativo: aterosclerose (infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral) e vários tipos de câncer. Acrescente-se pelos mesmos motivos a hipertensão arterial, o diabetes não dependente de insulina, as artrites, as artroses e as doenças neurodegenerativas (Doença de Parkinson e Mal de Alzheimer).

Classificação dos Carboidratos – Índice Glicêmico – Carga de Glicose

Os carboidratos podem ser classificados em “simples” e “complexos”, de acordo com o grau de polimerização ou “integrais” e “refinados” de acordo com a maior ou menor quantidade de nutrientes essenciais que possuem. Entretanto a interferência dos carboidratos na saúde e na doença são melhor entendidos do ponto de vista fisiológico e bioquímico, conhecendo-se a sua capacidade de aumentar a glicose no sangue quando ingeridos : ÍNDICE GLICÊMICO .

O conceito de índice glicêmico dos alimentos foi elaborado pelo brilhante pesquisador canadense David J.A. Jenkins em 1981. O índice glicêmico é um parâmetro quantitativo que verifica quanto um determinado alimento é capaz de elevar a glicose no sangue no período pós prandial.


Outro parâmetro importante que provou sua utilidade em estudos epidemiológicos é a “carga de glicose” que reflete o efeito glicêmico total da dieta. A carga de glicose é o produto do índice glicêmico e o carboidrato total da dieta (Wolever – 1996 , Salmeron -1997a ,1997b , Liu – 2000).


O índice glicêmico depende de vários fatores:
1. tipo de açúcar que o alimento contém - glicose, sacarose, frutose, lactose, etc
2. forma física do carboidrato - tamanho da partícula e grau de hidratação
3. alimentos que acompanham o carboidrato na refeição – gordura e proteínas.

Quanto menor a velocidade de absorção do carboidrato menor é a elevação da glicemia no pós prandial e menor será o índice glicêmico.
Existem vários benefícios na ingestão de uma dieta com baixo índice glicêmico: redução das necessidades de insulina, melhor controle da glicose no sangue, redução do colesterol e triglicérides e manutenção da sensibilidade dos receptores de membrana os quais permitem a normal entrada de glicose para as células da economia o que permite e mantém a eficácia intracelular de proteção contra o estresse oxidativo metabólico. Todos esses fatores e particularmente o controle do estresse oxidativo desempenham relevante papel na fisiopatologia das coronariopatias, doença cerebrovasculares, diabetes, doenças degenerativas da idade e muitos tipos de câncer.
A ingestão de dietas de elevado índice glicêmico com a rápida liberação de açúcar simples e os altos níveis de glicose pós prandial provocam como já vimos o aumento da produção de insulina. O resultado é a hiperinsulinemia a qual com o passar do tempo provoca a característica resistência à insulina devido à diminuição da sensibilidade periférica dos seus receptores. Para nós clínicos “hiperinsulinemia” é o mesmo que “resistência à insulina”.
A seqüência bioquímico-fisiológica é : a ingestão de alimentos com elevado índice glicêmico provoca aumento da glicose no sangue a qual provoca o aumenta dos níveis de insulina no sangue (hiperinsulinemia) a qual provoca diminuição da sensibilidade dos receptores de membrana à insulina (resistência à insulina) dificultando a entrada da glicose do extracelular para o intracelular fechando o círculo vicioso e provocando aumento da glicose no sangue ( Jenkins – 2000).
Os efeitos da ingestão de dietas de baixo índice glicêmico sobre as doenças crônicodegenerativas enumerada a seguir ( Jenkins – 2002):
1. menor elevação pós prandial da glicemia ( Jenkins – 1990,1992)
2. redução da produção diária de insulina (Bertelsen – 1993 e Jones – 1993)
3. diminuição da excreção urinária de peptídeo-C (Jenkins – 1989 , 1992)
4. supressão prolongada de ácidos graxos no plasma (Jenkins – 1990 e Bertelsen-1993)
5. redução da produção de catecolaminas (Jenkins – 1990)
6. redução do colesterol total e do LDL-colesterol (Jenkins-1993, Arnold-1993 e Cohn-1964)
7. redução da síntese hepática de colesterol ( Jones – 1993)

8. diminuição dos níveis de apolipoproteina B (Jenkins – 1989)

9. diminuição dos níveis de ácido úrico (Jenkins – 1995)

10. aumento da excreção urinária de ácido úrico (Jenkins – 1995)


Fatores que reduzem a velocidade de absorção da glicose reduzindo portanto os níveis de insulina no sangue ( Jenkins-2002)

1. alimentos de baixo índice glicêmico

2. fibras solúveis

3. aumento da freqüência das refeições

4. ingestão de proteínas juntamente com o carboidrato

5. ingestão de gordura juntamente com o carboidrato

6. inibidores da amilase – acarbose


Fatores que diminuem o índice glicêmico

1. presença de amilopectina / amilose

2. frutose

3. galactose

4. fibras viscosas: guar , beta-glucan

5. arroz integral

6. partículas grandes

7. presença de inibidores da amilase: lectinas , fitatos

8. presença de proteínas e gorduras na refeição


Fatores que aumentam o índice glicêmico

1. ausência de amilopectina /amilose

2. glicose

3. batata

4. ausência de fibras viscosas: guar , beta-glucan

5. carboidrato em partículas pequenas ou dissolvido em água (refrigerantes)

6. arroz branco completamente desprovido do seu farelo

7. ausência de inibidores da amilase: lectinas , fitatos

8. ausência de proteínas e gorduras nas refeições


Conclusão

A estratégia para prevenir vários tipos de doenças é em si muito simples e salta aos nossos olhos dos trabalhos científicos de bom nível:

- ingerir alimentos de baixo índice glicêmico, ingerir moderada a baixa carga de glicose, aumentar a freqüência das refeições ( seis ao dia) e praticar atividade física moderada.


É árduo o caminho da busca da verdade e da melhor estratégia que devemos empregar nos pacientes que nos confiam a própria vida.
Neste sentido, Charcot no século passado cunhou uma frase na qual devemos meditar com extrema seriedade:
“As enfermidades são muito antigas e nada a respeito delas mudou. Somos nós que mudamos ao aprender a reconhecer nelas o que antes não percebíamos”

Texto retirado do site: medicinacomplementar.com.br

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